Perdidos no deserto

Mariana Maia, aspirante da CM.

Quem passa por momentos de desolação pode se sentir como num deserto. Ofereço a essas pessoas uma reflexão baseada na perda e reencontro do Menino Jesus no templo, um itinerário para não se perderem na tristeza característica desse período.

Os santos pais de Nosso Senhor afligiram-se ao ver que Ele não os acompanhava no caminho para casa. O desolado sente-se afastado de Jesus, muitas vezes não consegue vê-Lo perto de si nas situações de sua vida. Não encontra rumo. O cenário melhora quando procura Cristo no local onde com certeza Ele estará presente: a casa de Deus. O que não o impede de ter um momento de oração pessoal em sua casa e em outros ambientes. "Orai sem cessar" (1 Ts 5,17).

Além da oração, Ele se apresenta na Sagrada Escritura e nos sacramentos (de forma especial na Eucaristia). Por isso, não deixemos de buscar essas fontes de graça. Alimentemos a vida espiritual. Santa Teresa de Ávila aconselha: "em tempos de tristeza e de inquietação, não abandones nem as boas obras de oração, nem a penitência a que estás habituada. Antes, intensifica-as. E verás com que prontidão o Senhor te sustentará".

O Menino divino ocupava-se das coisas do Pai. Mesmo desmotivados, busquemos a caridade, o estudo, o auxílio nas tarefas domésticas e outras atividades que agradem a Deus, que nos ajudem a ocupar a mente, crescer em santidade e colaborar com a evangelização.

Seus pais não compreenderam o que Ele lhes disse quando chegaram ao templo. No entanto, nada passava despercebido para a Virgem, que conservava tudo em seu coração (Lc 2,51). As pequenas coisas, bem como o próprio momento de desolação, servem para meditarmos e extrairmos lições. De outro lado, precisamos confiar em Deus, principalmente quando não entendemos os acontecimentos. Não temos a obrigação nem a capacidade de compreender tudo.

Não pretendo deixar aqui uma receita, uma fórmula; cada um percebe a desolação de uma maneira. Mas há remédios oferecidos pelo próprio Deus, e seríamos insensatos se não aceitássemos, pois sabemos que Ele faz tudo para o nosso bem. É hora de pedirmos o auxílio divino e agirmos mais guiados pela fé do que pelos sentimentos (como deve ser em toda a nossa vida).

Salve Maria!