100 ANOS


É o centenário da Anunciação. Não há como tentar percorrer a história desta Congregação sem que isto gere imediatamente um movimento de sadia contrição e de apelo à conversão.

Porque a história desta Congregação é a história de pessoas dedicadas, abnegadas, focadas, empreendedoras e antes de tudo, comprometidas com a santa causa de Nosso Senhor e da Religião católica. Ao colocar-me em comparação com toda esta rica trajetória, é como estar diante de uma montanha sagrada, diante da qual há algum tremor em seguir diante. A Divina Providência permitiu que nosso pequeno grupo testemunhasse a histórica data de seu Centenário, uma data que deve ter sido imaginada por muitos daqueles que vieram antes de nós. E tal como Eliseu sobre Elias, peço que o Senhor conceda-nos porção dobrada do espírito que permeou o apostolado deste grêmio. Ele já foi um entre os muitos que existiam em Santos, o primeiro e, agora, o último. Dentro dos limites desta Diocese, serviu com esmero à missão mundial e histórica da Congregação Mariana, surgida em Roma no seio da Companhia de Jesus. Serviu à santificação das almas, à catequese, à liturgia, à cultura, à instrução básica – com a escola Santo Inácio -, aos esportes, à correta política. Cresceu debaixo da paterna direção dos jesuítas, a quem prestamos o voto de gratidão eterna. Foi fundada por um jesuíta, Pe. Visconti, em 12 de março de 1916, com a adesão de 12 jovens. As Congregações experimentavam um extraordinário crescimento, tanto quantitativamente quanto pela variedade e influência de suas ações. O nome “congregado mariano” se convertera numa espécie de gíria para designar alguém zeloso no trato da moral e da religião. Ao ler as centenas de páginas das antigas atas das reuniões ordinárias e de Diretoria, nota-se um senso de ordem e de retidão na condução de cada pormenor da vida da associação, um legado documental deixado pela Divina Providência a nós para que dele possamos desenvolver nossas qualidades humanas e tirar frutos espirituais. Ao mesmo tempo, importante frisar, noto também que muitos problemas com os quais nos deparamos hoje nossos antecessores também testemunharam e enfrentaram. Falta de engajamento, de freqüência? Atas das décadas de 30, 50, 70... já registram queixas daqueles de outrora. Cada época tem o seu desafio. O mundo gira, seu movimento impõe-se contra a Cruz imutável de Nosso Senhor. A história e a espiritualidade da Congregação Mariana capacita o consagrado a ser um soldado do Senhor. A Igreja avança no tempo e o congregado mariano a chamado a estar na linha de frente. No “front” santista da batalha secular entre os descendentes da serpente e os descendentes da Mulher (Gênesis 1), esta associação deu um tesouro de exemplos de um ideal celeste, à sombra da Imaculada.



Por José Renato Leal, Presidente da Diretoria (2016-2018)