O Rei Eterno
Sabeis o que mais me impressiona quando medito a realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo? São aquelas palavras conhecidas e tantas vezes repetidas por Nosso Senhor: "Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão". Não encontro palavras mais comovedoras do que estas, das que saíram dos lábios de Jesus. Certa noite está sentado o divino Mestre, rodeado de seus discípulos, na encosta do monte das Oliveiras... Defronte deles, o monte Moriá, coroado pelo templo, o templo de Jerusalém. Momentos de descanso depois de longa jornada. Um dos discípulos aponta com orgulho para o templo: "Mestre, repara, que pedras tão bem talhadas e que esplêndido edifício!" E o divino Mestre explica: "Vedes esse magnífico edifício? Pois será de tal maneira destruído, que não ficará dele pedra sobre pedra".
Tomados de assombro pelo que ouviam, Pedro, Tiago, João e André, perguntam: "Mestre, quando é que isso sucederá? E que sinais haverá de que todas essas coisas se hão de realizar?" Era a pergunta que esperava o Salvador. A noite entrava silenciosa... Em volta do pastor estava a grei atenta. E o Senhor começou a falar-lhes. Que haviam de sofrer perseguições pela fé, e de antemão adverte-os que não se perturbem nem temam. Depois fala-lhes da destruição do templo de Jerusalém, e insensivelmente passa a narrar a catástrofe final e conclui com estas palavras que queria gravar-lhes na alma: "Tudo, tudo o que vedes no céu e na terra perecerá". Não há senão uma coisa, que resiste triunfalmente à destruição dos séculos e dará à humanidade uma lei imutável: a minha Lei. "Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão".
Onde encontraríamos frase mais sublime para expressar a realeza de Cristo? Já lá vão vinte séculos e a profecia de Cristo continua a realizar-se. Alguns dos apóstolos chegaram a ver a destruição de Jerusalém. Desapareceu o império grego, o tempo varreu-o da face da terra. Pereceu o ingente império romano que abarcava todo o mundo conhecido de então. Desagregou-se o Sacro Império Romano. Napoleão calcou aos pés o solo ensanguentado da Europa... e acabou exilado em Santa Helena.
Os reinos que precederam a vinda de Cristo tiveram igual sorte. Escavações pacientes têm trazido à superfície as ruínas antigas: as ruínas de Babilónia, de Alexandria... Povos, nações, indivíduos, nasceram, cresceram e passaram pelo cenário da história... Que nos dizem os antigos impérios em ruínas?
Que o céu e a terra passam, mas as palavras de Cristo Rei jamais passarão.
Fonte:
Jesus Cristo Rei
Mons. Tihamer Toth
Livraria Apostolado da Imprensa, 1956
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