Imitação de Cristo
Amar a Jesus sinceramente é imitá-lo, é reproduzi-lo em si, é identificar-se com seus pensamentos, suas afeições e sentimentos, é abandonar sua própria vida para viver uma vida nova, a vida de Jesus. Quanto mais a alma consegue fazer-se substituir por Jesus, tanto mais a imitação torna-se viva, profunda e verdadeira. Ela atinge sua perfeição quando o amor divino reina exclusivamente na alma, quando ele consegue expulsar até os últimos vestígios do egoísmo. É preciso repetir sempre com humildade a oração que Jesus nos ensinou: Adveniat regnum tuum. Venha a nós o vosso reino, e que ele se firme no meu coração.
Essa transformação é, com efeito, obra de Jesus. A alma coopera, não opondo resistência à ação do divino Mestre, cooperando com ele na medida da graça com a qual ele a favorece. Se as almas fossem dóceis e pacientes, Jesus concluiria infalivelmente sua obra em cada uma delas... Ele é o artista supremo; é o amigo fiel ; é o Deus onipotente. Mas em certas almas Jesus não consegue reproduzir senão alguns traços de sua divina perfeição. Essas almas não vivem mais do que um dia, uma hora, um momento da vida de Cristo. Outras, porém, chegam até à plenitude da idade. (...)
Feliz daquele que deu a Jesus todos os seus bens, seu corpo e sua alma, todos os seus desejos, pensamentos e afeições, que nada reservou para si senão o cuidado de amá-lo sem partilha e de cumprir sua santa vontade! Feliz daquele que faz permuta com Jesus de todos os seus interesses, que lança a cada momento, em seu divino Coração, todas as suas misérias para tomar-lhe todos os méritos, que lhe cede constantemente sua vontade com tudo o que ela pode dar de amor para que ele a purifique, enobreça-a, divinize-a e assim a ofereça ao Pai eterno!
Fonte:
O Divino Amigo - pensamentos para um retiro
Pe. José Schrijvers, cssr
Editora Vozes, 1961