Traidores perdoados


Mariana Maia, aspirante da CM.

O Evangelho da Terça-feira Santa traz dois exemplos de traição a Cristo, embora com finais diferentes. Enquanto Judas se desespera e tira a própria vida, São Pedro chora arrependido e se humilha diante do Senhor, permanecendo na esperança, até que recebe nova oportunidade de professar sua fidelidade a Jesus.

Como Pedro, em determinado momento de nossa caminhada de fé, empolgamo-nos e julgamo-nos capazes de dar a vida por Cristo, de ter um martírio glorioso. Porém, muitas vezes, mal suportamos as pequenas incompreensões, perseguições, incômodos. Deixamo-nos levar pelas seduções mundanas ou pelo respeito humano e medo do sacrifício, como no caso do apóstolo. Imaginamos poder receber os pregos, mas não aguentamos os alfinetes.

Quanto a Judas, o Papa Bento XVI cita hipóteses que teriam levado à traição: a avidez pelo dinheiro ou a decepção com o Senhor por não trazer libertação no sentido político, terreno¹. De qualquer forma, sendo um dos Doze, o fato de ter se desviado do caminho que o Mestre propôs e ter chegado a esse ponto é trágico. O mal, o pecado, a rebeldia contra Deus são uma tragédia. Não cabe a nós definir o destino eterno de Judas, mas lutar para que, apesar de nossas quedas, não partamos desta vida seguindo seu triste exemplo.

Também encontramos no Evangelho a passagem em que Jesus perdoa e recupera a mulher adúltera. O padre Paulo Ricardo oferece-nos uma bela homilia, rica em significado e referências². Somos a esposa (infelizmente) adúltera do Cordeiro de Deus. Esperamos um dia unirmo-nos a Ele de tal forma que não sobre espaço para outros deuses, que, à maneira de sórdidos amantes, tentam dividir e seduzir nosso coração.

Salve Maria!

¹http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2006/documents/hf_ben-xvi_aud_20061018.html

²https://www.youtube.com/watch?v=L1LwQSzyp-k