Inteligência a serviço do Reino

Jesuítas


Mariana Maia, aspirante da CM.

No mês de janeiro, há três santos que me chamam atenção e me inspiram particular afeição: São Francisco de Sales, São Tomás de Aquino e São João Bosco. Além do testemunho de vida e da piedade, eles têm algo em comum: utilizaram a inteligência e o estudo a favor do Reino de Deus.

O primeiro, padroeiro dos jornalistas, combateu o Calvinismo em sua época, investiu na catequese e escreveu livros que incentivam a santidade. O segundo dispensa apresentações, tendo uma obra extensa a favor da fé e doutrina cristã. O terceiro dedicou-se à educação dos jovens (temporal e espiritual) e, inspirado por São Francisco de Sales, seguiu seu exemplo e adotou-o como patrono de sua ordem.

Além desses três, há muitos outros que seguiram o mesmo caminho, usando seus dons para a evangelização, apologética, catequese, bem como para a formação estudantil e profissional do próximo, especialmente os mais necessitados. Uma frase de São João Bosco reforça o que quero dizer: "Nossa vida é um presente de Deus e o que fazemos dela é o nosso presente a Ele". Mesmo que a pessoa seja como aquele empregado da parábola que recebeu um talento, deve desenvolvê-lo. Além de termos de prestar contas a Deus pelos dons que nos deu, seria uma falta de caridade para com os irmãos negar-se a servi-los por meio de nossas habilidades; um sinal de preguiça, que provém do egoísmo.

Analisando a situação cultural e espiritual não só no Brasil, mas também no mundo, sentimo-nos impelidos a devorar os livros e expôr nossas ideias em público, na busca de uma solução rápida, tal é a calamidade que se nos apresenta. Ter iniciativa é importante, mas será em vão se não considerarmos o tempo necessário para estudar, dominar o assunto e saber manifestar-se com propriedade, sem cair em qualquer armadilha do adversário.

Os santos citados souberam responder às necessidades de sua época tanto pelo estudo quanto pela piedade. Quem se sente chamado a ensinar a sã doutrina deve se apoiar nesses dois pilares, para não se perder por falta de conhecimento (Os 4,6), tendo uma fé sentimentalista e/ou relativista, nem se tornar orgulhoso pela ciência e construir a casa sobre a areia (Mt 7,26), também correndo o risco de participar de facções dentro da Igreja e perder o sentido da unidade do Corpo Místico de Cristo.

A máxima de São Bento, "ora et labora", é sempre atual, como o são os ensinamentos do Senhor. É por amor a Ele e às almas que decidimos investir tempo e esforços no conhecimento e no anúncio do Evangelho.

Salve Maria!