“A nossa vocação nos impõe o dever de aspirar à perfeição”
Segue abaixo as palavras de um jesuíta do início do século 17 sobre sua Ordem. O ardor de sua escrita reflete o clima no qual surgiu as Congregações Marianas e que serviu de inspiração para seu tão frutuoso apostolado. Nossa homenagem aos valorosos padres jesuítas que dirigiram as CCMM, no mês em que é lembrado seu extraordinário fundador, Santo Inácio de Loyola:
"Deus
Pai deu seu Filho à Companhia de Jesus, para que ela o amasse e honrasse. Nosso
Instituto imita e honra a vida de Jesus Cristo, em todas as suas fases. Se
alguns dos seus membros faltam a este dever é por sua própria culpa e não pela
do Instituto.
Não
podendo o fim da nossa Companhia ser mais nobre e mais sublime, porque é o
mesmo que o do Filho de Deus sobre a terra, e os meios de que dispõe para
atingí-lo são igualmente ótimos, pois o nosso Instituto se utiliza de todos os
meios sobrenaturais, como o oração, os sacramentos, a pregação; e de todos os
meios naturais, como os talentos, o espírito, as ciências e o modo de as
ensinar. Mas estes devem ser subordinados à prudência sobrenatural e tirar sua
virtude e força da mais alta oração. É nisto que, se não tivermos cuidado,
cairemos ordinariamente em erros e, por falta de discrição sobrenatural, nos
preocuparemos demasiadamente com os meios naturais e humanos, empregando muito
tempo no estudo deles e muito pouco no dos meios sobrenaturais e divinos.
Daí
sucede que tiramos pouco fruto dos nossos trabalhos; e este único defeito será
capaz de desfazer tudo o mais, nada podendo subsistir sem a graça e sem o
espírito interior.
Será
prodígio que um religioso da Companhia se conserve muito tempo imperfeito,
tendo tantos meios para se aperfeiçoar; pois custa a crer que alguém possa
perder tantas graças ou abusar tanto delas, particularmente se houver vivido
muitos anos na Companhia!
Se
nós nos enfraquecemos no caminho da perfeição e nos contentamos com uma virtude
medíocre, falhamos ao fim que nos propusemos como religiosos, que é o da nossa
própria perfeição, e, como jesuítas, que é o da maior glória de Deus, que somos
obrigados a promover, cuidando da nossa maior perfeição e da do próximo.
Um
homem de merecimento dizia a um dos nossos padres, em Paris, que não se
admirava do zelo, fervor e santidade do padre Suffren, mas sim de que não
fossemos todos outros tantos Pe. Suffren. (nota da
Redação: Suffren foi um padre jesuíta de Paris, muito zeloso)
Quanto
bem não faria um reitor que tivesse o espírito deste santo homem!
A
divisa de Santo Inácio, “Ad majorem Dei gloriam”, quer dizer que, em matéria de
perfeição e de santidade, nunca devemos limitar nossos desígnios nem jamais
dizer: “Basta, já estou satisfeito, não quero mais”, porque a nossa vocação nos
impõe o dever de aspirar à perfeição da vida apostólica e a uma vida totalmente
evangélica."
Extraído da obra Vida e Doutrina Espiritual do padre
Luiz Lallemant, sj, editora Vozes, 1940